sábado, 10 de janeiro de 2015

Funeral ácido




Estes são os olhos de uma jovem garota, que mal saiu do ensino médio.
Seu nome é Alice Trenton, e ela esteve em uma longa, longa viagem.
Mas ao contrário da fictícia Alice no País das Maravilhas,
essa Alice nunca viu o gato de Cheshire, o Chapeleiro Maluco ou a Rainha de Copas.

Essa Alice viajou pelas escuras e intermináveis cavernas da Terra do Ácido.

O lugar, para ela, não é um conto de fadas…” - Acid Funeral, Belzebong (traduzido).



Um som surge ao fundo. Seus passos já não fazem mais barulho.
Adentrando uma escura caverna, você já não se diferencia das rochas ao seu redor.

Seu coração acelera, você sente medo, alegria e prazer ao mesmo tempo.
Vozes sussurram no seu ouvido coisas que você nunca tinha pensado em cores que você nunca tinha visto.
As paredes mudam de forma devagar, com constância, e nada fica no lugar.
Você está assustado, percebendo que não há mais saída. Está preso.

Mas o seu corpo já não sente mais dor, nem cansaço. Você se sente firme, sólido. E pesado.
Como se seu corpo fosse uma escultura de gesso que teima em se mover. Isso te dá força. Você se sente seguro dentro da sua pele de pedra.


E então, uma fresta se abre. Você consegue observar o mundo lá fora, familiar, mas transformado. As árvores são galáxias, a grama e as folhas estão líquidas. Você se sente sujo e velho.

Com vontade de observar de perto, você se espreme pela abertura. Percebe que era maior do que pensava, enquanto passa por ela. Sente um estranho gosto na garganta. Era amargo. O amargo de um doce.

A grama partia como vidro enquanto você passava por ela e as cores que chegavam aos seus olhos conversavam com você. Te iludiam, te enganavam.
Você decide deitar e observar as estrelas. Elas estão por toda parte, piscando e acenando. Era uma árvore de natal sobre sua cabeça.
Você já não queria mais sair.

As nuvens, porém, começam a cobrir o seu sol. Tons de cinza começam a devorar lentamente toda a luz que estava a sua volta. Seu corpo dói, cansado. Sente que sua língua está cheia de vidro e areia.
Mas não há desespero, só contemplação.

Você acorda. De volta ao mundo real...


O texto acima foi inspirado pela música Acid Funeral, última do álbum Sonic Scapes & Weedy Grooves da banda Belzebong.

Bem vindos ao blog SSK - 73.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário será lido antes de ser publicado.

Escreva com carinho. :)